Bullet Café - Lula 2026: Quando a Esquerda se Contenta com Migalhas (E Acha Que É Revolução)

Lula 2026
Quando a Esquerda se Contenta com Migalhas
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Lula está a um passo da reeleição? Segundo a última pesquisa eleitoral 2026 da Quaest, sim. O presidente lidera com 45% das intenções de voto contra 33% de Tarcísio de Freitas - que, aliás, nem confirmou que vai se candidatar. Em maio era empate técnico (41% a 40%). Agora é vantagem consolidada.

A fórmula mágica? Tarifa social de energia, Gás do Povo, isenção de IR até R$ 5 mil. Programas sociais que funcionam como anestesia política: aliviam a dor, mas não curam a doença.

O Preço da Popularidade: Quando Você Paga a Conta do Próprio Assistencialismo

Mas vamos falar do elefante na sala que ninguém quer ver: o custo fiscal dessa festa.

Desde que voltou ao Planalto, Lula aumentou 27 tributos. A carga tributária saltou de 31,2% para 32,3% do PIB. A arrecadação federal bateu recorde histórico. Maravilha, né?

Só que os gastos públicos cresceram ainda mais rápido. Resultado? Déficit aumentando, contas no vermelho, bomba fiscal armada para estourar no colo de quem vier depois (ou no próprio terceiro mandato, se a conta chegar antes).

Estamos assistindo ao clássico brasileiro: governar com popularidade hoje, deixar a conta para amanhã.

A Crítica que a Esquerda Não Quer Ouvir

Aqui vai a verdade incômoda: Lula já fez o que tinha que fazer.

Os dois primeiros mandatos (2003-2010) foram históricos. Tiraram milhões da miséria, expandiram universidades, criaram programas sociais estruturantes. Foi importante? Fundamental. Mas foi reformismo, não revolução.

E agora, em 2026, qual é o projeto? Mais do mesmo. Política de coalizão com o Centrão, alianças com quem deveria ser adversário, concessões intermináveis para manter a governabilidade.

A lula reeleição significa o quê, exatamente? Quatro anos administrando contradições, negociando com a direita, fazendo o mínimo possível para não desagradar o mercado?

Quando Coalizão Vira Capitulação

A política de coalizão do PT morreu. Ela funcionava quando havia espaço para concessões mútuas e crescimento econômico para distribuir. Hoje? É refém do Centrão, da PEC da Blindagem, do orçamento secreto disfarçado.

Se o objetivo é transformação estrutural, fins revolucionários, mudança real do modo de produção e das relações de poder - Lula não é o cara. Nunca foi, na verdade. Ele sempre foi um reformista habilidoso, não um revolucionário.

E tudo bem Lula ser reformista. O problema é a esquerda fingir que reformismo é revolução.

O Que a Esquerda Brasileira Não Consegue Admitir

Precisamos de um candidato melhor que Lula.

Não porque ele seja ruim - é competente dentro dos limites do que se propõe a fazer. Mas porque os desafios de 2026 exigem mais do que administrar o capitalismo com face humana.

A crise climática se acelera. A desigualdade estrutural permanece. O neoliberalismo avança disfarçado de pragmatismo. E a resposta da esquerda brasileira é... reciclar o mesmo político de 80 anos que já governou o país por 8 anos?

Onde está a renovação? Onde está o projeto de transformação real? Onde está a coragem de ir além do assistencialismo?

A Armadilha do "Menos Pior"

A narrativa dominante será: "Mas a alternativa é Tarcísio/Bolsonarismo, você quer isso?"

Não. Mas também não quero me contentar eternamente com o "menos pior". A política do medo paralisa a imaginação política.

O Bolsonarismo é uma ameaça real? Sim. Mas a solução não pode ser eternizar Lula como único nome viável da esquerda. Isso não é estratégia - é rendição.

A Conta Que Vai Chegar

Enquanto isso, Lula vai surfando na popularidade dos programas sociais, aumentando tributos, gastando além da arrecadação, negociando com quem deveria combater.

E quando a conta chegar - e ela sempre chega - a direita vai usar o desastre fiscal para enterrar de vez qualquer projeto progressista no Brasil pelos próximos 20 anos.

Aí vão dizer: "Viu? A esquerda não sabe governar, gasta demais, quebra o país."

E o pior é que, dessa vez, vão ter razão sobre a parte fiscal. Não sobre o projeto (que nem existe), mas sobre a irresponsabilidade de governar sem pensar no dia seguinte.

Conclusão: A Esquerda que Desistiu de Sonhar

Lula 2026 é, na melhor das hipóteses, uma vitória tática. Impede que a extrema-direita volte ao poder. Mantém programas sociais funcionando. Garante alguma estabilidade.

Mas estrategicamente? É a confissão de que a esquerda brasileira desistiu. Desistiu de construir alternativas, de formar novas lideranças, de ousar ir além do assistencialismo.

A pesquisa eleitoral 2026 mostra Lula vencendo fácil. E a esquerda comemora como se fosse vitória definitiva. Enquanto isso, o Brasil continua no mesmo lugar: capitalismo periférico, dependente, desigual, com uma camada de tinta vermelha por cima para disfarçar.

Revolução? Que revolução. Aqui é gerencialismo de esquerda. E ainda acham bonito.

A popularidade de Lula é inegável. A questão é: popularidade para quê? Para administrar contradições ou para superá-las? Porque até agora, parece que estamos escolhendo a primeira opção. E chamando isso de vitória.


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